terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fim de tarde, da janela da sala

Sábado. Fim de tarde. Uma garoa caindo, de mansinho. O sol no finzinho de sua passagem por este dia.
Tv ligada. O missionário fala sobre o profeta Elias. Da janela da sala, uma linda paisagem. A vizinha, da frente, olha, sem entender. Mas olha e permanece ali, de pé. Mão no bolso, olhar vago, no horizonte. - O que será que ela tá pensando? Por que está ali, parada? Talvez seja este também o seu pensamento.
Um garoto aparece pedalando lentamente sua bicicleta. - Tem bombom, brigadeiro? - Não, tem não. Talvez estivesse com muita vontade de comer aquele doce de chocolate. Ou talvez queria apenas comer algo diferente, distrair-se. As pessoas às vezes comem pra passar o tempo.
A vizinha sai de seu momento de distração, de repouso. Entra em sua casa. Seu esposo chegou.
Os passarinhos voam e cantam alegremente, sozinhos enfeitando aquele céu, cujo azul encontra-se oculto pelas nuvens levemente carregadas. Mas não há público para seu espetáculo. É feriado. Buscam por outro lugar onde possam ser vistos, contemplados, admirados.
A vizinha volta. Fecha suas portas. Volta para seus afazeres.
A chuva dá uma trégua. Chuva de fim de tarde, de interior. De feriado, de descanso numa rede, de tranquilidade, de causos, de louvores cantados ao som de um violão, de bênçãos.
A avó chega e o jantar está na mesa. Uma sopa de legumes, típica de um fim de tarde, num dia de sábado, de feriado, no interior.